Festas de fim de ano, família reunida,
noite de alegria e confraternização; tudo preparado para comemorar mais um
Natal, no calor de um vinte e quatro de dezembro. Todos bem vestidos, pinheirinho
iluminado, rodeado de presentes, presépio montado e a ceia na mesa.
Pontualmente às vinte e uma horas, todos
se juntam à mesa para a farta refeição comemorativa, com pratos especialmente
preparados para a ocasião. Porém, Gabriel notou a ausência de seu pai, José,
saindo a procurá-lo e encontrando-o ajoelhado, no quarto, orando por seus
familiares e, principalmente pelo neto, o pequeno Bruninho, que nascera havia
alguns meses, de forma prematura. Emocionado, Gabriel hesitou em interromper aquele
momento de fé, tentando sair sem ser notado. José percebeu a presença de alguém,
próximo a ele e se virou, deparando-se com as lágrimas do filho.
- Meu filho, aproveitei o momento em que
todos se distraíam e vim aqui, agradecer por termos, mais uma vez, a família
toda reunida e pedir pela saúde de todos nós.
- Pai, percebi seu momento de fé e
fiquei apenas observando, em silêncio. Peço perdão por interrompê-lo. Acabei
ouvindo suas preces, fiquei emocionado pelos pedidos, principalmente pela saúde
do Bruninho.
- O seu filho é um anjo, mandado por
Deus, que chegou para alegrar e iluminar a nossa família, ensinando-nos,
novamente, o valor do amor. E nada me faria mais feliz do que ver meus netos
esbanjando saúde, referindo-se aos filhos de Gabriel – Carla, Lucas e Bruno.
- Não tenho nem palavras pra agradecer
todo esse carinho e amor pelo Bruninho. Muito obrigado pai.
Num momento de silêncio, os dois se
abraçaram e choraram, como se fossem crianças. Era um momento de pura emoção.
Em seguida, Gabriel completa:
- Pai, vim aqui pra avisar que a mesa
está servida. Vamos lá para jantar?
- Claro, já estou indo lá, vou lavar meu
rosto e, em seguida, estarei lá. – concordou José.
Gabriel retorna à mesa, anunciando que
chamou o pai, este que logo se junta com o resto do pessoal, sentando-se em seu
lugar habitual, a ponta da mesa.
Antes da refeição, José faz mais uma
oração, agradecendo a benção de ter a família reunida novamente e pela farta
ceia que está sobre a mesa.
Após a ceia, sentados ao redor da árvore
de natal para o momento mais esperado da noite, principalmente pelas crianças (Carla
e Lucas, irmãos de Bruno), começa a distribuição dos presentes, destes, a
maioria destinada aos pequenos.
A noite prosseguiu, como era de costume,
com muita conversa e descontração, visto que eram raras as oportunidades de se
reunirem durante o ano. Após conversar com o filho e a nora, José desperta seu
espírito infantil, brincando com as crianças e, aproveitando o momento,
contando histórias do nascimento de Jesus, o real motivo da comemoração
natalina.
Encerrada a reunião familiar, Gabriel e
sua família retornam pra casa, enquanto José e Ana, sua esposa, vão, alegres,
descansar, pois reunir a família os trazia muita felicidade.
Era sabido que a saúde do Bruninho não era
100%, pois seus exames deram alterados, mas necessitava mais exames para
confirmar qualquer suspeita, o que acabou acontecendo no período entre o Natal
e Ano Novo. De acordo com os exames, confirmou-se uma leucemia, que afeta as
células sangüíneas, por desordens na medula óssea. Ao tomarem conhecimento,
tanto os pais, como irmãos e avós, ficaram chocados e se desesperaram.
- O que vai ser do Bruninho? Eu não
consigo acreditar nisso! Por quê? Por que logo com meu filhinho amado? Se
acontecer algo com ele, não sei o que será de mim, prefiro morrer a perdê-lo! –
inconformava-se Rosa, a mãe, abraçando Gabriel.
- Minha nora, Deus escreve certo por
linhas tortas, tudo que Ele faz é pelo nosso bem. Vamos ter fé – dizia José, na tentativa de acalmar Rosa.
-
Eu não consigo aceitar isso que está acontecendo com o Bruninho, ele não merece
passar por esse sofrimento – complementou Rosa.
- Como falei, vamos ter fé, vamos rezar!
Deus não quer nosso sofrimento, e tudo se resolverá da melhor forma possível!
Vamos ver o que é preciso fazer pra salvarmos o nosso pequenino. – disse José,
com aparente tranqulidade de quem acredita na justiça divina.
Na virada de ano, novamente, a família
se reuniu para celebrar, porém, não havia motivos para comemorar. Conversando
entre si, os adultos decidiram que não podiam submeter Bruno à tratamentos
fortes, por medicamentos e que, se fosse possível, buscariam alguém que fosse
compatível, para fazer transplante de medula.
Assim, os dois casais fizeram exames e
descobriram que o único compatível era José, que ficou radiante, pois poderia
salvar seu neto. Tão logo foi possível, encaminhou-se ao hospital, para que pudesse
fazer a doação da medula para Bruno. Após a operação, todos retornam para suas
casas, felizes pelo sucesso do transplante.
Passam-se os anos, Bruno toma
conhecimento da sua história e fica impressionado por tudo o que passou, e, por
isso, sempre valorizou a família que fez tudo que podia para salvá-lo.
Certo tempo depois, José veio a óbito,
para a comoção da família, mas tendo a certeza de que sua vida foi bem
aproveitada. E José sabia que sua missão foi cumprida, viveu baseado nos
mandamentos da fé e do amor. E assim ele se foi, em paz por ter dado o seu
melhor aqui na terra.
lindo demais, coração
ResponderExcluiramei!!!
Obrigado, professora!
ExcluirMais um belo texto André!
ResponderExcluirParabéns!
Frederico da Luz -
http://www.fredericodaluz.wordpress.com
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Agradeço pelas palavras Frederico.
ExcluirQue bom que estás gostando.
Abraço!
André!
ResponderExcluirUm texto maravilhoso, parabéns!
Monserrat